quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tenho um caderno vermelho bem pequeno.

Escrevo pouco. Meu caderninho não tem presente passado ou futuro. Ele é vermelho. (Já escrevi isso... mas quis repetir!) Meu caderninho tem os códigos de todos os meus segredos, que não interessam a ninguém. Escrevo tudo que não sei para ler depois e quem sabe...
Escrevo e leio, e o que não escrevo também está nele. Em sua cor em seu tamanho em seu jeito de pulsar vermelho e curto.
Engraçado é que antes eu achava que escrevia do meu passado... Mas meu caderninho encolheu e nem mesmo passado bonito cabe, nem mesmo vermelho...Tive que guardar em caixinhas.
No meu caderno pingaram lágrimas. Escrevi novos segredos por cima delas, para ler o que e por que em mim brilha vermelho, e o que brilha em outras cores. Entender que cores frias também cabem em um caderno.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sempre você, meu clichê

Mesmo que pense nele pensando em você. Mesmo que o prefira vez ou outra.
Mesmo quando te olho e o enxergo e sinto e quero, é você que quero enxergo e sinto e olho.
E assim vamos, eu querendo... Querendo de doer.
Às vezes até me culpo. Sou cristã.
Mas me redimo quando lembro que você é ele e os outros que são meus são sempre você.
Por isso te amo sem cansar de dizer e sem o dizer perder o sentido.

Ps. Não tem propaganda! Quando digo o "te amo", é que está transbordando, não cabe mais em mim...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alguém que conheço...

Quando a conheci era tão graciosa. Bonita mesmo! Sempre de sorriso limpo e laçinho na cabeça. O olhar...
Mas aí foi crescendo, ou eu que olhei de perto? O fato é que ela foi ficando verde.
Acho que era algum tipo de doença, talvez contagiosa, que ela pegou nos tempos em que sorria por aí, para qualquer um...
Só sei que a cada dia ela foi ficando mais verde de um verde feio, quase marrom, verde cocô.
Tinha pena daquela menina, coitada, ela era doente, o que se há de fazer?!
Pedia em minhas orações para que em sua existência ela pudesse em algum momento, em um quantum de tempo que fosse, lembrar de como já tinha sorrido bonito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Diego

Seus anéis prismas, brilho lavando tudo com frescor.
De calças curtas, rosto cansado, me leva a pensar no está-por-vir.
Intenso inteiro, comprometido, apaixonadamente atravessando árido e longo caminho e desenhando com os pés folhas- timbres verdes - no ocre do ferro.
Doce sempre, alma de ventania.

!!!

Não sei qual de nós escreve, mas é certo que sem música não sou nenhuma delas.
Nenhuma de nós.
Minha canção de ninar, por favor!!!
É a minha única exigência... de hoje.
Me parece razoável.

domingo, 9 de novembro de 2008

Conselho

Um amigo me iluminou dia desses com a sentença: "Joga Fora!”.
Apesar do clichê, joguei.
DELÍÍÍCIA JOGAR FORA!
Sigo agora tentando me especializar nessa técnica!
Como é cansativo dar importância para quem não se importa ou simplesmente não tem mesmo a menor importância.
Cansei de ser comida de urubu vestido de boas intenções.
Quando vistos já abocanharam um pedaço da gente.
Depois, ferida escancarada, nunca mais...
A gente cuida mais não fecha, ou talvez, num outro dia fecha e a gente se cuida.
A minha está escancarada amigo, estou tentando jogar fora.
Estou tentando!

domingo, 2 de novembro de 2008

The little red fish

I´m like a fish, swiming alone.
Some times out of the water... some times into the water... some times in side the water...some times i´m the water.
Always swiming always alone.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Naquele dia

Lembrei do dia que te contei do meu livro em branco, da minha fantasia de Exú escondida no fundo da gaveta.
Lembrei de tudo que não falei enquanto falava sobre tudo que me vinha à cabeça, só para disfarçar meu desejo rodriguiano de ali mesmo vestir a tal fantasia e escrever página a página fantasias outras naquele livro vermelho, em branco até hoje.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A CENA

Lágrimas, vinhos e palavras soletradas.
A cena era; ela pequenina e gorda na sua imensa cama com cobertor xadrez.
Sem passado nem presente mastigava sementes.
Queria fazer algo importante, realmente importante... Mas estava lá em sua imensa cama, cobertor xadrez, gorda e pequenina mastigando semente e pensando em coisas importantes.
Bem devagarzinho lágrimas iam descendo. O vinho? O azedinho das sementes? As palavras soletradas?
Lagriminhas emocionadas de si e de suas pequeninas coisinhas importantes. Sementes...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Diariamente

Folheio os mesmo livros e canto as mesmas músicas.
Sempre fica em algum CANTO a sensação de que não encontrei o que procurava, mas sei onde está.
Por isso, folheio os mesmos livros e canto as mesmas músicas.

sábado, 2 de agosto de 2008

...

...Passar a limpo todo o caderno, organizar as tantas caixas caixonas e caixinhas, fazer aquela faxina e reorganizar as roupas nas gavetas em montes por cores, dar seu devido fim a cada papel daquela imensa pilha em cima da mesa de trabalho, ticar os itens do check list um a um, picar o chek list em pedacinhos minúsculos e jogar no lixo, esvaziar o lixo, dar as roupas que não te servem mais, jogar fora todas aquelas quinquilharias que sempre guardou e nunca nunca usou, dar o que já não me serve.... Chorar, beber água e começar tudo de novo se reinventando e...Passar todo o caderno a limpo, reorganizar caixas, aquela faxina e reorganizar as gavetas em montes por cores, ticar os itens um a um, picar jogá-los no lixo, esvaziar o lixo, dar as roupas que não servem, jogar fora, dar...Chorar, água, reinventar e... . Passar a limpo, reorganizar, montes por cores, ticar, picar, esvaziar, dar, jogar fora... Chorar, água reinventar e... Passar a limpo, reorganizar cores, ticar picar esvaziar dar jogar chorar e reinventar

domingo, 27 de julho de 2008

Meu mar

A areia escorregando devagarzinho... Desenhando com o vento o chão...Ficando entre as unhas e os dedos...O corpo lagartixa namorando o sol....Calmo, orgulhoso em silêncio....O mar cantando melodias em todas as suas camadas...Incêndio n água....
Ao longe outros timbres, outros mundos improvisando desatentos: o menino... O mar...A mãe chamando...Sorvetêê...Passarinho... O menino cachorro...O mar de novo arrebentando...Assovio distaaante...Confissões femininas...
Na tela azul, perspectiva invertida, vendo o mundo de baixo para cima... Três pipas disputam o céu enquanto risadas riscam o ar...
Vento gostoso que arrepia os pelo e acaricia a pele avermelhada...
O moro que nunca subi...A ilha que nunca fui...Sonoridades tão minhas...
A boca seca. O olho mareia.
Coração...
É meu mar. Tantas vezes descoberto em outros dias... É meu mar...
Antes, todos os dias meu. Hoje meu de novo. Como sempre. Como ontem.
Só hoje o percebi meu enquanto é... Sendo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

De: mim Para: mim

Pensei em dizer: "Queria que soubesse que ainda estou perdendo por estar sua, aqui."
Conclui: "Sou a metade do que achava que era..."
Indagou:" Será que eu dei minha hora, sangue, lugar, nome, suor e vc sem agradecer fingiu ser seu o que era meu? E eu perdi?
Disse: "Sua generosida serve a você. Sua inteligência só consegue enxergar o que lhe é semelhante, qualquer luz que brilhe a um passo de vc não te ilumima... Essa sua habilidade em comparar, diminuir e ocupar espaços alheios é surpreendente
Ou Ainda: " Acreditei em você, mas já perdi a ingenuidade"

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Caixinha de música...

Num dia qualquer da minha infância ganhei uma caixinha de música.
Mágica...
Ao invés de bailarinas, dançavam lindas putas de corpetes coloridos rendas, piteiras, plumas.
O mais doce dos cabarés.
Não que eu conhecesse outros, mas já tinha imaginado tantos...
Aquele era sem dúvida o mais doce.
Ao entardecer ao som da caixinha de música, risos, sentava aos pés da grande árvore fechava os olhos e deixava-me hipnotizar pelo toque das folhas que caiam na minha pele de menina.
Vez ou outra surgiam na minha cabeça imagens soltas.
Uma jamais saiu da minha memória...
Eu mulher linda, cabelos cacheados ao vento, nua. Meu cavalo veloz e forte de pelos brilhantes.
Nesse dia eu fui princesa...

domingo, 25 de maio de 2008

Alta Noite

As noites eram longas, escorriam sobre a pele.
Como na madrugada da grande catástrofe, nos abraçávamos com força e cerrávamos os olhos a espera da calmaria. As vezes o vento assobiava numa altura tal que era impossível nos escutarmos.
As noites eram longas e cortavam a carne para o pacto de sangue.
Relógios parados, guerreávamos sem sucumbir ao cansaço e ao peso da espada.
Amávamo-nos, relógios parados, mãos na escuridão.
Só sei que um dia, enquanto ele abria as grandes janelas do casarão, o sol foi pintando os meus ossos e músculos, e observei meu rosto reaparecer no reflexo do espelho.
Cantarolamos juntos uma música antiga, colhemos flores e de mãos dadas atravessamos grandes avenidas movimentadíssimas, caminhamos...
Por fim, cabelos soltos sentamos aos pés de nós e dormimos ao sol calmo, exaustos e tranquilos como quem volta pra casa depois de uma longa viagem.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hoje

O dia passou assim; mudo, controlado, em tons pastéis.
Olhei as horas no relógio de pulso.Não chorei.Tomei um café preto.Li uma besteira num adesivo de carro.Não amei nem me arrependi .Pendurei roupas limpas no varal. Comi, falei, tomei, pensei, nada me surpreendeu.Dormi.
O dia passou assim. Se não tivesse olhado as horas talvez nem percebesse...
Tinha-se a impressão de que o dia nunca tinha passado por ali

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Partituras esquecidas

A menina cresceu e foi desvendando a vida através de mundos no guardanapo e ilusões ao telefone.
As sábados, debaixo de chuvas de poema, enquanto observava a lua inteira, gorda, consolava amores inventados. Lindos! E inventavam cada uma...
Voltas e voltas no quarteirão, taças de vinho, letras de músicas, tragos, decotes, pactos de amizade.
Ele falava em casamento e ela coca-cola.
Ele mudando o mundo e compondo letras ruins de rock, ela rindo.
Ele sempre falante, buscando na gramática novas combinações, criando outras vogais, ainda mais belas que as que ela conhecia. Enquanto isso bebiam cerveja no boteco de um bairro de classe média que tem até hoje como charme a nostalgia de suas histórias e nada mais. Estas que lá inventávam.
"Raiva te não ter trazido o passado roubado na algibeira" (impossível tais lembranças sem citar Fernando Pessoa)
Antes a distância entre Minas e Belém do Pará que com urgência e precisão os unia a fazer juras como se houvessem facas no ar....
Difícil é o reinventar, é se reinventar, nas falas sem sentido, nas voltas e voltas sem parada, nas taças vazias, nas partituras esquecidas, nos mais lindos bilhetes jogados fora por falta de espaço nos novos lares.
Difícil é amanhecer.