quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Morte em branco


Quando vem o branco é porque se engoliu sombras.
Fica-se ali parado na frente do tal alvo alvíssimo onde se pretendia, como catarse, despejar tons negros e rubros e nada. Nada e branco.
Sobem como refluxo indigesto vontades de encantamento, cínicas emoções, libertações imaginárias, longos suspiros impotentes, medos acanhados. Sobem e descem num vício cíclico sem parada
É uma morte. Sim. Morte em branco.
As palavras petrificadas foram engolidas sufocadas por tamanho mistério que não conseguem se derramar...  Nem dizer. Nem chorar.  Mudez.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Trecho de uma carta antiga

Estava aqui com os olhos pesados e corpo formigando entre o dormir e o tomar-me inteira.
Enquanto o quentinho fofinho do sofá me seduzia, lembrei daquele equilibrista doido que caminhou entre as torres gêmeas durante uma hora naquele vai e vem. No fio da vida! Desenhando razões no céu da nossa barriga. Arrepiando meus pelos e desejos de luta e risco.
Mais uma vez o equilibrista me roubando o conforto. Bendito!
Já estava quase babando na almofada da minha vida, e ele lá naquele vai e vem de vida e morte.
Juro que agora não posso mais dormir... Não por hora, dias, meses, anos...
Não depois do veneno de vida explicito que me tomou aquela visão.
Transbordo de mim, de risco, de frios na barriga e de mortes súbitas, eu tenho que me levantar. Sem escolha!

Descolo o bumbum do sofá e sigo para o abismo.
Irei agora saltar e sabe se lá o que...

Começo e fim borrados

Da presença e companhia mais feminina que já conheci sinto amarga saudade e tristeza escorrendo em fios de sangue corpo a fora.
De antes ainda tenho medo, de hoje e de amanhã tenho medo, mas quero tudo e muito e me jogo em pontas de faca. Às vezes me safo, às vezes morro.
Ontem morri de novo.
Esses sangues me lembram todos os sangues do mundo. Se me corto sangro outras forças que ainda me eram emprestadas.
Sei que a luz que brilha por aí é minha, sei que é bela mas ainda estou a entender seus contornos.
Sei também das sombras essas tem me surpreendido em sonho e em vida, choro fios de sangue mas, choro luz.
O que quero agora? Contornar cada ganho meu para poder carregar pelo mundo minhas dores como PEDRAS PRECIOSAS

Tenho uma dor que é assim:


       Uma noite num taxi na Lapa
                           Chovendo em mim e
por aí tentando te encontrar em cada esquina em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança. Que o nosso amor pra sempre viva.
                           Saudades estranhas. Amor.
                           

sábado, 26 de março de 2011

Zóio Triste

O ZÓIO TRISTE deságuam ansiedades de outrens ...Trens lotados pedindo passagem, chorando obstáculo. DA FITA RODANDO memórias cortantes de facas sem fio, palavras saídas da boca oca sem eco, sem chão. Reverberações da mente ( NO) GRAVADOR.  A MOÇA eu! Deus de mim. Pequena e grande no mesmo saco. Saco de gente. Saco de vida! Saco do céu. COZENDO paixões unindo pontas, formando uma grande pajeia astral, retomando estradas abertas pré-big bangs sentimentais. ROUPA fora zero! Estradas se apontam, escolhas  desenham setas e curvas e arremates. Eu COM A LINHA como estandarte de uma guerra de paz, da harmonia entre retalho e agulha, para o tão não esperaDO EQUADOR das almas. A VOZ jóia sagrada, ostra, uno único de cada vida... E A VOZ que não guarda e não mente as jóias e carvões das minas humanas. E A VOZ DA SANTA que ouve quem quer, e quem pode, e quem rega. E quem quer? Quem pode? Quem rega? E quem cresce DIZENDO -  OQUE QUE EU TÔ FAZENDO?”- há de nunca saber se não confiar. E se confiar CÁ EM CIMA, saberá nunca. E nunca é sempre pois é tudo e nada na justa forma. Sem sombras eis que DESSE ANDOR levantasse apenas o pó que é de  levantar, e pisasse apenas o pó que é de pisar.

texto inspirado no Béradêro - Chico Cesar

segunda-feira, 14 de março de 2011

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Achados e perdidos e buracos negros, me cataloguem, me reconheçam, me lancem a um lugar qualquer visível, compreensível ... Alguma estrutura minimamente legível...


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Rascunho

A gota.
A luz do guarda. Chuva.
A flor da miúda da rua sem fim,  na reta amarela do chão de mim.
Ontem que eu vi que era a primeira vez de ti.
Então calei teu gesto, lá em cima senti ouvir.
Mas sempre, sempre sabendo que a música que você estava fazendo, fazia fazia-me.
E foi nesta colheita interna de verso-poema-lema... da torta rua sem fim que vi quando tu acabou. Tudo. Que era apenas começo de mim.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Eu

e meus equívocos;
Se dividir pelas horas, somar as semanas, multiplicar pelos meses e descontar uns 10%  do stress ainda sobra uns tantos por hora.

sábado, 21 de agosto de 2010

Comecei meu blog anos atrás impulsionada pela necessidade de calar uma perda cortante.

Não calei mas foi ótimo escrever. Dor sem solução mas nomeada e no mundo. Demônio com rosto! Melhor assim.

Mas todo demônio que se preze vire e mexe volta.
Hoje como em alguns outros dias, cada vez mais escassos, senti falta dessa tal figura...me surpreendi com minha tristeza tardia, estranhei minha raiva e tive vontade de chorar sem conseguir.

Fiquei aqui pensando em como gostaria de cicatrizar essa ferida e esquecer tudo. O esquisito foi que na seqüência disso me doeu mais ainda a idéia de sepultar o cadáver.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Se...

... mesmo não tendo coragem de encarar nossa sombra aos domingos sociais, ainda quero voltar a elas TODOSOSDIAS.

Se nos teus olhos estranhos onde por segundos não o reconheço, é paz que sinto.

Se no ninho tranqüila me deito e inevitavelmente minha canção de ninar é você.

Se no teu sorriso é que escorrem minhas lágrimas mais honestas.

Sinto que não tenho escolha . Ainda e mais ainda sei que amo.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Que preguiça!

Relações truncadas e confusas que misturam afetos e projetam decepções.
Nos fracos se espelham e esmagam os que estão dispostos e massacram quem se propõe...
Já fiz, já vivi e já assisti.
Perde quem confunde time com adversário. Perde ele. Perde o time. Perde o adversário...

sábado, 20 de março de 2010

Vontade de...

Rasgar,, soprar, apertar. A molezinha gostosa da verdade do vinho.
A graça no que eu não falaria e deixei escapar agorinha sem notar.
O vermelho, a sua boca, minha pluma pink,  unhas verdes, os rios internos e os pelos alertas.
Sábado, 01:23... Essa sou eu agora. Jajá passa.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Rouge






Entre eles, todos aqueles, e meus líquidos em copos, corpos. Nos impulsos descabidos e selvagens flores caidas no concreto cru entre as fumaças e belezas de uma declaração pública e uma gaveta que anda fechada .Entre o bonito e o desejo que cabe em um segundo de corpo todo intenso. Entre.O rouge falso e o sangue fervido. Alguns segredos de banheiro podem salvar ou matar

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Entender que o que é meu não é de imposição...

Nem de espera. É de ser.
Não é se não ser eu.
É toda ouvido e é ouvir-ação.
E se escuto inteira percorro meus rios de sangue e saliva e irrigo minhas terras.
Entender que não se trata de mim. Amém! Do meu certo ou errado.
Que eu é menor que serescutainteira.
O que me cabe na verdade não é de caber mas de preencher. Do preencher que cria vazios.
De vazios que perfuram pedras rochosas de almas.De almas-peneiras, que se habitam de brisas e tempestades sagradas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sangue! Faca! Fome!



...Tem algumas dignidades que só a carne e as vísceras são capazes de resgatar...

domingo, 20 de setembro de 2009

Olhar e seguir

Se olha no olho na altura da dignidade.
Se olho de cima na altura da segurança que observo com aspas.
Se por baixo não me serve mesmo ser vassalo.
Se no olhar respiro até o fim e sinto o que sinto acolho e não me apego.
Se a palavra do olho é de ordem seguir, é de opção é escolher.

domingo, 30 de agosto de 2009

Um corpo,


dois, três quatro, curva de cotovelo, vento no pé fala de boca e de joelho. Desbravando, abrindo caminhos no meio do mato ancestral. Olho cabeça na mão cox, cóxes, coxas coluna no cucuruco correndo voando costurando em câmera lenta. São quatro, três, dois. São um. São todos eu também. O corpo sem órgãos, sem pontas, encaixe perfeitos. Ele alisa, amassa a massa que é o corpo dela e dança, que ela sereia nada e de baixo d água... Olhares ligados se amam. Outro surge e recolhe recorta releva levanta. Ele queda e se arrasta agora. Foi o que lhe restou apenas... Agora é a sua vez, ela reage e luta por aquele corpo que não. Quem sabe agora... Ela sabe provocar ondas e círculos e talvez ele deslize...Ferrugem... Outro corta de novo e é engraçado se fluem melhor
Cachoeira de saltos, corpos suspensos sensualidade e mar e ficam três. Sai cabeça virada palavras ao vento como fitas budistas.

sábado, 1 de agosto de 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

No armário da princesa dondonhoca

dormia também um belo agressivo e empoeirado coturno preto.
Já quase sem esperanças o coitado, de ver a luz do dia.
Mas, quem poderia adivinhar? Eis que um telefonema e um frio na barriga seguido de uma vontade louca de arriscar qualquer coisa, tomou conta daquele corpinho desabitado e como num impulso a moça saca de seu armário o tal coturno...
Surpresa! A cada casinha que o cadarço percorria o tal corpo como num ritual ia se transmutando, transfigurando até seu momento ápice. O laço derradeiro do coturno.
Está ela lá, diante do espelho, não menos dondonhoca mas agressiva.
Ar de “comigo ninguém pode”.
Diria “poderosa a dondonhoca!”
Em câmera lenta agora joga seus cabelos vermelhos no ar e fixa seu olhar num ponto.
Lança seu corpo imponente na direção certeira. Caminha. Câmera lenta. Vento no rosto. Intenções laminosas.
Ninguém sabe, mas a dondonhoca neste momento chora todinha por dentro e bebe suas próprias lágrimas como vinho.
Seus pés patinam por dentro do poderoso boot e a câmera lenta é seu artifício, tentativa burra de pausar o filme.
Caminha certeira e bêbada habitada por seu coturno sem rota ou GPS.
Ela desconhece seu alvo.
O Seguir firme é medo e vida.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

No que estou pensando...

Uma casa linda. Um grande amor. Amigos pilares. Belezinhas pessoais. Gordurinhas a mais. Preguiça em excesso. Culpas antigas e atuais. Amor pelas diferenças. Algum talento. Medos publicados. Sons, sonoridades, poemas, paixões... Mágoas como pedras que fazem tropeçar. Otimismo míope. Pavor de se perder numa dessas noites... Eternas...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Chorando o choro que não é meu.

Hoje estou viúva do marido da vizinha! A dor é minha só. Não é de mais ninguém.
Ah! Tentei também amamentar três senhoras de 60 anos e uma de 30. Vai que é fome...

Quando parece de mentirinha. Sabe?

A vida pede: "Seja Rocha! Carvalho!"

Ok, ok, sigo minha sina e às vezes até sangue vira catchup.

Não duvide do meu potencial mineral!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sonhei...

Que ajustava as palavras com fita métrica na medida que me é certa e brigava até o fim de salto agulha.
No mesmo sonho descia um círculo de aço ou bronze, não lembro bem, nunca lembro... E nos encaixávamos, o circulo e eu, como prisão.
Feijão com arroz!
A surpresa foi que levantei os pés e, Dalai Lama, ultrapassei o círculo com graça. Très chick !
E meu figurino, sábio que é, fez-se enroscar no tal e o arrastou um tiquinho até outro lugar qualquer com precisão... precisão apolínea.
Gostei!
Agora é esperar pelo segundo capítulo...

Alguém sabe onde faço o download da série toda?

quinta-feira, 30 de abril de 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Plagiando Drumond

e todos que antes de mim o plagiaram:
"Meu ódio é o melhor de mim. Com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima"
___________________

Ps. Essa é a minha tréplica.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Reposta do “muy amiguinho” do lado

E quem disse que quero colorir meu caderno?
Não é porque não vê brancos no meu preto que eles não existem.
Minhas curvas traçam caminhos que talvez nunca percorra, não são tão ingênuos e doces.Amém!
Sugiro mudar nada! Sem esse papo de “deve mudar seu discurso, o curso”, não te sugiro...
Você não me diz, portanto não te dig...
Aliás, te digo.
Entendi do seu discurso o, “ caralho”.
Vejo ali, no “caralho”, um quantum de possibilidade de sobrevivência para você. Pobre criatura. Amém!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

E eu que sou doce...

me afundo numa dor esquisita que espreme o pulmão e franze a testa quando sei que ta chegando à hora de ir, por que sei que “Se”, caso alguma coisa... Se entrar torto, ou soar indireto ou diretamente afetar, eu nem sei o que posso fazer, dizer, correr.
Se correr o bicho pega se ficar o bicho te come todo, é um câncer esse troço. Qualquer dia eu saio mesmo sem fazer mala, e pode ser até que esqueça por lá alguma coisa sem importância que um dia venha quase sem querer sentir falta. Ou pode ser que no segundo seguinte, antes de chegar o tédio do alívio do abandono, me arrependa secretamente. Pode ser que só seja mais um fim destes que vire e mexe dão as caras para nos acordar,outra morte da minha vida. Outra! Bem feito, é essa mania de querer dar conta, essa submissão antiquada e justificada, essa vontade de colorir o caderninho de desenhos alheio. Uma hora ou outra você leva na cara. Sinceramente, amiguinho do lado, acho que me cansei de você, de seus desenhinhos pretos sem branco dos seus traços fortes sem curva. Ahhhhhhhh!!! Só não sei por que esse cansaço tem que espremer deste jeito meus pulmões e porque ainda me paralisa e porque ainda tento te conquistar de alguma forma... O que temos aqui afinal? O que se pretende provar a quem?
(se não fosse tão doce, fecharia o texto com um belo palavrão, do tipo CARALHOOO)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Não é que eu finalmente saiba que não há o que temer, não posso dizer que encontrei-me e também não posso dizer que agora saio de mim para me encontrar com todos os outros, não é isso, mas, parece, algo em mim fez fortaleza, e não são muros, são pontes. Já vistes uma fortaleza de pontes, meu amor?" (trecho de "Carta de Virgínia Morton a Pedro Miguel" de Yane)

"Depois Melhora" - belíssima música do Luiz Tatit. Depois melhora...

"Sempre que alguém
Daqui vai embora
Dói bastante
Mas depois melhora
E com o tempo
Vira um sentimento
Que nem sempre aflora
Mas que fica na memória
Depois vira um sofrimento
Que corrói tudo por dentro
Que penetra no organismo
Que devora
Mas depois também melhora
Sempre que alguém
Daqui vai embora
Dói bastante
Mas depois melhora
E com o tempo
Torna-se um tormento
Que castiga, deteriora
Feito ave predatória
Depois vira um instrumento
De martírio duro e lento
Uma queda num abismo
Que apavora
Mas depois também melhora
E vira então
Uma força inexplicável
Que deixa todo mundo
Mais amável
Um pouco é conseqüência
Da saudade
Um pouco é que voltou
A felicidade
Um pouco é que também
Já era hora
Um pouco é pra ninguém
Mais ir embora
Vira uma esperança
Cresce de um jeito
Que a gente até balança
Enfim
Às vezes dói bastante
Mas melhora
Enfim
É só felicidade
Aqui agora
É bom
É bom não falar muito
Que piora
Enfim
É só felicidade"

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Para quem a carapuça servir.

Quem te deu o direito de olhar?
Diz quando te foi permitido imaginar o que seu olhar ... Da onde vem a segurança de me encarar?
...
Vira, se fecha, engoole, reverte, se vira!
Some da minha frente e da outra frente e da outra.
Não me encara nem de costas, ou eu te lacro, te fecho, faço você engolir!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tenho um caderno vermelho bem pequeno.

Escrevo pouco. Meu caderninho não tem presente passado ou futuro. Ele é vermelho. (Já escrevi isso... mas quis repetir!) Meu caderninho tem os códigos de todos os meus segredos, que não interessam a ninguém. Escrevo tudo que não sei para ler depois e quem sabe...
Escrevo e leio, e o que não escrevo também está nele. Em sua cor em seu tamanho em seu jeito de pulsar vermelho e curto.
Engraçado é que antes eu achava que escrevia do meu passado... Mas meu caderninho encolheu e nem mesmo passado bonito cabe, nem mesmo vermelho...Tive que guardar em caixinhas.
No meu caderno pingaram lágrimas. Escrevi novos segredos por cima delas, para ler o que e por que em mim brilha vermelho, e o que brilha em outras cores. Entender que cores frias também cabem em um caderno.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sempre você, meu clichê

Mesmo que pense nele pensando em você. Mesmo que o prefira vez ou outra.
Mesmo quando te olho e o enxergo e sinto e quero, é você que quero enxergo e sinto e olho.
E assim vamos, eu querendo... Querendo de doer.
Às vezes até me culpo. Sou cristã.
Mas me redimo quando lembro que você é ele e os outros que são meus são sempre você.
Por isso te amo sem cansar de dizer e sem o dizer perder o sentido.

Ps. Não tem propaganda! Quando digo o "te amo", é que está transbordando, não cabe mais em mim...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alguém que conheço...

Quando a conheci era tão graciosa. Bonita mesmo! Sempre de sorriso limpo e laçinho na cabeça. O olhar...
Mas aí foi crescendo, ou eu que olhei de perto? O fato é que ela foi ficando verde.
Acho que era algum tipo de doença, talvez contagiosa, que ela pegou nos tempos em que sorria por aí, para qualquer um...
Só sei que a cada dia ela foi ficando mais verde de um verde feio, quase marrom, verde cocô.
Tinha pena daquela menina, coitada, ela era doente, o que se há de fazer?!
Pedia em minhas orações para que em sua existência ela pudesse em algum momento, em um quantum de tempo que fosse, lembrar de como já tinha sorrido bonito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Diego

Seus anéis prismas, brilho lavando tudo com frescor.
De calças curtas, rosto cansado, me leva a pensar no está-por-vir.
Intenso inteiro, comprometido, apaixonadamente atravessando árido e longo caminho e desenhando com os pés folhas- timbres verdes - no ocre do ferro.
Doce sempre, alma de ventania.

!!!

Não sei qual de nós escreve, mas é certo que sem música não sou nenhuma delas.
Nenhuma de nós.
Minha canção de ninar, por favor!!!
É a minha única exigência... de hoje.
Me parece razoável.

domingo, 9 de novembro de 2008

Conselho

Um amigo me iluminou dia desses com a sentença: "Joga Fora!”.
Apesar do clichê, joguei.
DELÍÍÍCIA JOGAR FORA!
Sigo agora tentando me especializar nessa técnica!
Como é cansativo dar importância para quem não se importa ou simplesmente não tem mesmo a menor importância.
Cansei de ser comida de urubu vestido de boas intenções.
Quando vistos já abocanharam um pedaço da gente.
Depois, ferida escancarada, nunca mais...
A gente cuida mais não fecha, ou talvez, num outro dia fecha e a gente se cuida.
A minha está escancarada amigo, estou tentando jogar fora.
Estou tentando!

domingo, 2 de novembro de 2008

The little red fish

I´m like a fish, swiming alone.
Some times out of the water... some times into the water... some times in side the water...some times i´m the water.
Always swiming always alone.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Naquele dia

Lembrei do dia que te contei do meu livro em branco, da minha fantasia de Exú escondida no fundo da gaveta.
Lembrei de tudo que não falei enquanto falava sobre tudo que me vinha à cabeça, só para disfarçar meu desejo rodriguiano de ali mesmo vestir a tal fantasia e escrever página a página fantasias outras naquele livro vermelho, em branco até hoje.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A CENA

Lágrimas, vinhos e palavras soletradas.
A cena era; ela pequenina e gorda na sua imensa cama com cobertor xadrez.
Sem passado nem presente mastigava sementes.
Queria fazer algo importante, realmente importante... Mas estava lá em sua imensa cama, cobertor xadrez, gorda e pequenina mastigando semente e pensando em coisas importantes.
Bem devagarzinho lágrimas iam descendo. O vinho? O azedinho das sementes? As palavras soletradas?
Lagriminhas emocionadas de si e de suas pequeninas coisinhas importantes. Sementes...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Diariamente

Folheio os mesmo livros e canto as mesmas músicas.
Sempre fica em algum CANTO a sensação de que não encontrei o que procurava, mas sei onde está.
Por isso, folheio os mesmos livros e canto as mesmas músicas.

sábado, 2 de agosto de 2008

...

...Passar a limpo todo o caderno, organizar as tantas caixas caixonas e caixinhas, fazer aquela faxina e reorganizar as roupas nas gavetas em montes por cores, dar seu devido fim a cada papel daquela imensa pilha em cima da mesa de trabalho, ticar os itens do check list um a um, picar o chek list em pedacinhos minúsculos e jogar no lixo, esvaziar o lixo, dar as roupas que não te servem mais, jogar fora todas aquelas quinquilharias que sempre guardou e nunca nunca usou, dar o que já não me serve.... Chorar, beber água e começar tudo de novo se reinventando e...Passar todo o caderno a limpo, reorganizar caixas, aquela faxina e reorganizar as gavetas em montes por cores, ticar os itens um a um, picar jogá-los no lixo, esvaziar o lixo, dar as roupas que não servem, jogar fora, dar...Chorar, água, reinventar e... . Passar a limpo, reorganizar, montes por cores, ticar, picar, esvaziar, dar, jogar fora... Chorar, água reinventar e... Passar a limpo, reorganizar cores, ticar picar esvaziar dar jogar chorar e reinventar

domingo, 27 de julho de 2008

Meu mar

A areia escorregando devagarzinho... Desenhando com o vento o chão...Ficando entre as unhas e os dedos...O corpo lagartixa namorando o sol....Calmo, orgulhoso em silêncio....O mar cantando melodias em todas as suas camadas...Incêndio n água....
Ao longe outros timbres, outros mundos improvisando desatentos: o menino... O mar...A mãe chamando...Sorvetêê...Passarinho... O menino cachorro...O mar de novo arrebentando...Assovio distaaante...Confissões femininas...
Na tela azul, perspectiva invertida, vendo o mundo de baixo para cima... Três pipas disputam o céu enquanto risadas riscam o ar...
Vento gostoso que arrepia os pelo e acaricia a pele avermelhada...
O moro que nunca subi...A ilha que nunca fui...Sonoridades tão minhas...
A boca seca. O olho mareia.
Coração...
É meu mar. Tantas vezes descoberto em outros dias... É meu mar...
Antes, todos os dias meu. Hoje meu de novo. Como sempre. Como ontem.
Só hoje o percebi meu enquanto é... Sendo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

De: mim Para: mim

Pensei em dizer: "Queria que soubesse que ainda estou perdendo por estar sua, aqui."
Conclui: "Sou a metade do que achava que era..."
Indagou:" Será que eu dei minha hora, sangue, lugar, nome, suor e vc sem agradecer fingiu ser seu o que era meu? E eu perdi?
Disse: "Sua generosida serve a você. Sua inteligência só consegue enxergar o que lhe é semelhante, qualquer luz que brilhe a um passo de vc não te ilumima... Essa sua habilidade em comparar, diminuir e ocupar espaços alheios é surpreendente
Ou Ainda: " Acreditei em você, mas já perdi a ingenuidade"

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Caixinha de música...

Num dia qualquer da minha infância ganhei uma caixinha de música.
Mágica...
Ao invés de bailarinas, dançavam lindas putas de corpetes coloridos rendas, piteiras, plumas.
O mais doce dos cabarés.
Não que eu conhecesse outros, mas já tinha imaginado tantos...
Aquele era sem dúvida o mais doce.
Ao entardecer ao som da caixinha de música, risos, sentava aos pés da grande árvore fechava os olhos e deixava-me hipnotizar pelo toque das folhas que caiam na minha pele de menina.
Vez ou outra surgiam na minha cabeça imagens soltas.
Uma jamais saiu da minha memória...
Eu mulher linda, cabelos cacheados ao vento, nua. Meu cavalo veloz e forte de pelos brilhantes.
Nesse dia eu fui princesa...

domingo, 25 de maio de 2008

Alta Noite

As noites eram longas, escorriam sobre a pele.
Como na madrugada da grande catástrofe, nos abraçávamos com força e cerrávamos os olhos a espera da calmaria. As vezes o vento assobiava numa altura tal que era impossível nos escutarmos.
As noites eram longas e cortavam a carne para o pacto de sangue.
Relógios parados, guerreávamos sem sucumbir ao cansaço e ao peso da espada.
Amávamo-nos, relógios parados, mãos na escuridão.
Só sei que um dia, enquanto ele abria as grandes janelas do casarão, o sol foi pintando os meus ossos e músculos, e observei meu rosto reaparecer no reflexo do espelho.
Cantarolamos juntos uma música antiga, colhemos flores e de mãos dadas atravessamos grandes avenidas movimentadíssimas, caminhamos...
Por fim, cabelos soltos sentamos aos pés de nós e dormimos ao sol calmo, exaustos e tranquilos como quem volta pra casa depois de uma longa viagem.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hoje

O dia passou assim; mudo, controlado, em tons pastéis.
Olhei as horas no relógio de pulso.Não chorei.Tomei um café preto.Li uma besteira num adesivo de carro.Não amei nem me arrependi .Pendurei roupas limpas no varal. Comi, falei, tomei, pensei, nada me surpreendeu.Dormi.
O dia passou assim. Se não tivesse olhado as horas talvez nem percebesse...
Tinha-se a impressão de que o dia nunca tinha passado por ali

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Partituras esquecidas

A menina cresceu e foi desvendando a vida através de mundos no guardanapo e ilusões ao telefone.
As sábados, debaixo de chuvas de poema, enquanto observava a lua inteira, gorda, consolava amores inventados. Lindos! E inventavam cada uma...
Voltas e voltas no quarteirão, taças de vinho, letras de músicas, tragos, decotes, pactos de amizade.
Ele falava em casamento e ela coca-cola.
Ele mudando o mundo e compondo letras ruins de rock, ela rindo.
Ele sempre falante, buscando na gramática novas combinações, criando outras vogais, ainda mais belas que as que ela conhecia. Enquanto isso bebiam cerveja no boteco de um bairro de classe média que tem até hoje como charme a nostalgia de suas histórias e nada mais. Estas que lá inventávam.
"Raiva te não ter trazido o passado roubado na algibeira" (impossível tais lembranças sem citar Fernando Pessoa)
Antes a distância entre Minas e Belém do Pará que com urgência e precisão os unia a fazer juras como se houvessem facas no ar....
Difícil é o reinventar, é se reinventar, nas falas sem sentido, nas voltas e voltas sem parada, nas taças vazias, nas partituras esquecidas, nos mais lindos bilhetes jogados fora por falta de espaço nos novos lares.
Difícil é amanhecer.